O que esperar da indústria para os próximos anos?
Novas tendências e tecnologias irão mudar a indústria e os modelos de produção nos próximos 10 anos.
No dia 30 de junho de 2022, durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI), maior evento empresarial do país, mais de 1,5 mil empresários e representantes da indústria reuniram-se com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para elaborar o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2033.
O objetivo deste documento é definir qual a direção de políticas públicas e o que deve ser feito para que as indústrias brasileiras avancem nos próximos 10 anos.
Segundo o presidente da CNI, Robson Andrade, as tecnologias modernas e a digitalização trouxeram benefícios para a indústria nacional, como: produtos com melhor qualidade, aumento da capacidade produtiva e bens industriais com custo reduzido.
Diante disso, quais são as expectativas para o setor da indústria nos próximos anos?
Para responder essa pergunta, vale conferir primeiro qual foi a evolução da indústria desde sua origem.
Como a indústria evoluiu até hoje?
Conforme o passar dos anos, a indústria passou por várias revoluções, uma vez que foram adotadas tecnologias de produção totalmente diferentes das usadas até determinada época.
Confira, abaixo, um resumo sobre cada revolução industrial até os dias de hoje:
Primeira Revolução Industrial
Início: Século 18, ano de 1760.
Tecnologias empregadas: Energia a vapor e produção mecanizada, além de recursos como carvão, ferro e lã. Exemplos: Navios e locomotivas com motores a vapor e tear mecânico
Segunda Revolução Industrial
Início: Século 19, entre os anos de 1850 a 1870, com o surgimento das indústrias elétrica e química.
Tecnologias empregadas: Eletricidade, linhas de montagem para produção e uso de materiais como aço e petróleo.
Exemplos: Produção em massa (como ocorreu com o Ford Model T), remédios, fertilizantes, motores a combustão, processos automatizados e máquinas, criando, assim, a maquino-fatura.
Terceira Revolução Industrial
Início: Década de 1950 após a Segunda Guerra Mundial.
Tecnologias empregadas: Computadores programáveis, equipamentos eletrônicos, indústrias nas áreas de eletrônica, informática, genética, robótica, telecomunicações etc.
Exemplos: Robôs industriais, foguetes, energia atômica, alta tecnologia, ligas metálicas e modelo de produção Toyotista.
Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0
Início: Década de 2010 até hoje.
Tecnologias empregadas: Engenharia genética, computação em nuvem, inteligência artificial (IA), cibersegurança, sistemas integrados, internet das coisas (IoT), drones e digitalização.
Quinta Revolução Industrial: a próxima etapa
Apesar de estarmos vivenciando a fase da Indústria 4.0, profissionais de várias áreas já discutem sobre a Quinta Revolução Industrial, ou Indústria 5.0.
Enquanto a Indústria 4.0 é marcada pelo alto desenvolvimento tecnológico e da interligação de dispositivos via web por meio da internet das coisas (IoT), a Quinta Revolução Industrial irá, segundo especialistas, integrar a inteligência humana com a artificial, principalmente no campo da robótica.
Em outras palavras, é previsto que haja uma interação maior entre homem e máquina. Isto não quer dizer, por exemplo, que empregos feitos por humanos serão extintos, pelo contrário: o alinhamento que citado aqui criará uma sociedade superinteligente, compartilhando seus conhecimentos.
Um exemplo de tecnologia da Indústria 5.0 que já está sendo usada são os cobots: robôs colaborativos que trabalham lado a lado com humanos em linhas de produção, incluindo aparafusamento, final de linha, empacotamento, montagem e outras funções.
As vantagens que a Quinta Revolução Industrial trará para a indústria são: o aumento da produtividade, custos otimizados e empresas mais eficientes. Em resumo: a Indústria 5.0 irá aprimorar as tecnologias que já disponíveis no mercado e aproximá-las ainda mais do trabalho humano, com uma interação não vista antes.
Agora que você já sabe quais foram as revoluções industriais que aconteceram no mundo e o que está por vir, conheça as expectativas para a indústria nos anos seguintes.
Digitalização de processos
Um tópico que já está em andamento e que deverá ser mais utilizado em breve é a simplificação de processos por meio da tecnologia. Um exemplo claro disso é a telemedicina, que já era regulamentada no Brasil e foi potencializada pela pandemia da Covid-19.
Por meio dela, pacientes podem realizar consultas médicas de qualquer localidade, inclusive de lugares remotos. A telemedicina encurtou a distância entre médicos e pacientes, resultando em economia de tempo e recursos, além de ampliar o atendimento para mais pessoas.
Outro exemplo da digitalização de processos está na engenharia: a manutenção de equipamentos e máquinas pode ser feita de forma on-line, evitando o deslocamento para um local que seja muito longe.
Maior foco em educação, inovação e práticas de ESG
Para que as futuras novas tecnologias possam ser usadas na indústria, é fundamental que todos aprendam como operá-las.
Por isso, as modalidades de educação, tanto a básica quanto a profissionalizante, devem capacitar os alunos para o novo momento que está por vir, no qual as demandas ficarão ainda mais complexas.
O ensino superior também tem um papel importante a cumprir: investir cada vez mais em pesquisa, inovação e desenvolvimento, juntamente com o setor industrial.
Além disso, os consumidores estão mais atentos com relação as práticas de ESG (sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa) das empresas e indústrias.
Planejar segundo a realidade
Cada dia que passa o futuro está mais próximo. Sendo assim, planejar os passos seguintes agora é importante para que a indústria esteja a par com o que acontece no mundo. Mas o que deve ser planejado?
Para isso, o setor industrial deve estruturar ações relacionadas a tendências de hoje que irão continuar assim nos próximos anos. Essas tendências envolvem temas como inclusão, diversidade, transparência, segurança da informação (com o uso da LGPD) e a humanização.
Quando se fala em humanização para um futuro próximo, pensa-se na valorização das pessoas que atuam no setor industrial, com foco em permitir que elas tenham maior influência nas melhorias e decisões tomadas.
Como exemplos de medidas para esta humanização, destacam-se as jornadas de trabalho híbridas, a criação de ambientes mais confortáveis para os funcionários, o apoio emocional e psicológico, entre outras ações.
Através destas ações, o clima organizacional torna-se mais saudável, os colaboradores sentem-se mais seguros e menos propensos a deixarem a empresa onde trabalham.
Outras tendências que podem ser constatadas são:
- Assinatura de produtos, como carros e eletrônicos;
- Conectividade, ou seja, estar disponível a qualquer momento e em qualquer lugar;
- “Delivery de tudo”, no qual o produto pode ser entregue em qualquer local;
- Desejo do consumidor por uma vida mais saudável;
- Entender em quais canais o cliente quer que você esteja;
- Energias renováveis e o uso da economia circular, composta por novos processos produtivos, reaproveitamento de embalagens etc.
Políticas industriais bem definidas
Os governos locais possuem um papel importante no desenvolvimento industrial, através da contrapartida de benefícios fiscais, infraestrutura e outras questões.
Nos últimos anos, diversos países passaram a direcionar mais esforços para essas políticas, como os Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul e os países-membros da União Europeia.
Com o Brasil, não pode ser diferente: para que a indústria nacional possa continuar avançando, é necessário que seja construída uma política que garanta mais produtividade, mais inovação, modernização digital de atividades e menor nível de poluição.
E como fazer isso? Por meio da simplificação tributária, redução de custos e processos menos burocráticos. Desta forma, as indústrias nacionais poderão competir em pé de igualdade com as demais concorrentes.
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